quarta-feira, 22 de abril de 2015

Veneras em repouso

Percute-me e abandonas o real em sossego. Respiro e pouso. Relembro o sabor insípido de tudo o que beijamos. Relembro o fictício punhal gélido que te coloca em movimento e peço que expurgues o irrevogável traçado na resposta palavreada em que te embalo.
Desdenho e reponho em claro branco e desalmo-me no testemunho em que dificilmente te pronuncias.
Cubro o que de intocável me é e chegas-me sobre eloquência do sensível e restas de um modo que me surpreende.
Pouco me é o que constitui para te conter e vives em inquieto que estronda ao sentir do mundo que morrerá por descobrir. Permito-me reclamar-te de todo o feitio e respiras à beira do que não deteto, do incapaz de influenciar e do que me foge ao toque das mãos. É-me perpétuo a necessidade de conter enquanto ficas, enquanto veneras em repouso.

quinta-feira, 16 de abril de 2015

À alma não lhe convém o sentido

À alma não lhe convém o passível de ser sentido. Repara e pára, gélida e em sossego. Repensa e respira. Desentranha absolutamente a adrenalina que me corre as veias de todas as formas possíveis de o fazer. Desdenha e repercute-me tudo o que não te é possível transmitir. Pele incapaz de, espiritualmente, me possuir. É estrondo violento que me recorre o passível de ser suportado e decorres no fluxo natural do silêncio que me conduz à introspecção irreparável da suficiência.
Abandonas euforia quando tudo à calma se assemelha e ao pânico que também vem, a calma incapaz és de refutar.
Tenho sentido a decadência que bate à porta no alimento fraco que mascara a impossibilidade pura e diária do enegrecido na podridão virtual da nossa sede.
O universo reduz-me ao segredo complexo do que nunca possuí, testemunho o ínfimo que teima em permanecer-te e que pouco cataboliza no grito que à alma me reclama.
À alma, ao sentido que pouco lhe convém.

quinta-feira, 2 de abril de 2015

Demasiado intimo para se transmitir

É eloquente. Respira, fala, ri e retira-me todo o chão em que me sustenho.
Relembra-me extravagância que me totaliza a adrenalina e diverge do que esperei suportar. Fito-te exigir pelo permanecer mais próprio de ser. Fito-te relatar tudo o que meus ouvidos sedem para ouvir. Espero. Espero e embebo-me na decadência prematura que nunca te viu chegar. Embebo-me na expiração ofegante que te resgata na presença da minha própria palpitação cardíaca.
Fazes com que todas as palavras fujam de mim, palavras demasiado intimas para se transmitirem.

Seguidores