Partiste, apenas por umas meras centenas de quilômetros, mas estás aqui. Esqueço o telemóvel, por onde me é possível falar-te, mas ele toca e grita por ti. Não esqueci.
Ainda durmo com a tua almofada ao meu lado, ainda que não a vás ocupar em breve. Ainda não te perdi o cheiro de todas as tardes de verão que ocupaste, que preencheste.
Mudei o quarto: a cama, a secretária, o guarda roupa, o mesa de cabeceira. Nada mudou, respiras bruscamente pelas paredes e remetes àquilo que vivemos.
Chego até a sentir-me meio estupido porque me inibes a fala, roubas-me a expressão, a sanidade e desdenhas tudo o que calmo me torna.
Às vezes até que te odeio. Odeio-te por não me completares, mas por me transbordares.
Odeio-te de tanto te amar e sabe tão bem como mal recordar-te nas horas vazias.
Enfrento a melancolia atroz que me domina o corpo, impaciente. Alma sedenta de prosa, inofensivos demónios que me habitam. Habito-me. Demónios que me gritam. Grito-me. Ilusão que me veste o corpo, estrondos violentos que me evocam. Respiro-te, enquanto testemunho as minhas horas sombrias.
quinta-feira, 13 de agosto de 2015
Subscrever:
Mensagens (Atom)