sexta-feira, 27 de março de 2015

Pressa repentina de ti

Respiro. Vivo-te na pressa constante do desejar. Vivo-te na inquietação sóbria que o absoluto desejo me permite. Expulso-te pelas palavras. E sobrevives. Sobrevives na esperança de me sobressaltar o ser. E contento-me. Contento-me com a ínfima ideia de te ver chegar.
Quero-te. Quero-te na estupidez irredutível do mundo e no Fado que outrora erradamente nos vincou. Quero-te pelo corpo diáfano à frieza inverosímil do mundo que finjo tocar com todas as palavras insolentes que me são permitidas.
Viveria sem ti. Mas pelo sim, pelo não, vai permanecendo. Vai alimentando a pressa repentina do querer-te que me consome algures onde te fito na introspecção que te aviva à alma.

terça-feira, 17 de março de 2015

À insónia repleta de ti.

O monstro percorre à queima roupa e retira-me do sono profundo. Acordo, palpito por ti no vazio que me preenche os lençóis e sinto-te na saudade infinita que me incorpora. Escapas-me pelos dedos e perco-te pela luz do dia. Perco-te em aflito chamamento pela tua necessidade, que procura tornar consciente na pele que te reveste.
Reveste-me, cala-me e vai ficando por mim. Fica-me, enquanto te grito o peito ao mundo no desdenhar suave dos cabelos e dos lábios. Aproxima-te e permite-me o tocar.
Desequilibro-me no chão que me foge e fito-te infimamente na vontade de beijar que te entrelaça e respiro do próprio desejo, do que me consome na insónia repleta de vestígios, das lembranças que me deixas e que não somem.

Vincos de lembrança

Invoco espírito foragido que insiste no relembrar-te. Espírito cantante que me soa a ti. Espírito que invade abismo atordoado de sede.
Sede.
Sede, de um pouco de ti e de te ver permanecer. Espírito errante que em ti desvenda ponto fixo inverosímil, mas que oferece esperança ao desejo.
Procuro-te, preciso-te na fragilidade nua da alma. Sou um todo insuficiente para toda esta capacidade de te possuir. Mas vou tentando. Vou procurando por ti na vida que me recusa a estabilidade e vou relembrando aquilo que nunca marcaste, no sentir ambíguo que não me deixaste e no paradoxo do todo que me abandonaste, que me leva de volta para ti.

"Rendo-me-te"

Acabo por me render. A esperança cessa-me no poder estapafúrdico do querer. Sinto-te na introspecção sádica à pele que me gela de arrepio. Alimento-me do pairar nostálgico que se faz pesar na consciência que te tenta trazer.
Indigno por ti entre a mistura divergente da solidão com o beijar, queimo do peito à voz e canto-te o tocar.
"Mas, fui feito para me ter para ti.", responde-lhe, na esperança redutível de lhe imaginar o tocar da pele na mais gélida noite do ano.

A alma cede. Cedo-me de espírito na incorporação fatal de te procurar num além desvanecido todas as manhãs. Cedo-me no querer absoluto de te beijar com todas as palavras inimagináveis do mundo.
Sou-te transparente na fragilidade nociva do universo, sou pedir querer-te forasteiro à tua capacidade de me sentir.
E acabo, sempre e desalmadamente, por me deixar render na chamada repentina que te grita para mim.

Seguidores