quinta-feira, 13 de agosto de 2015

Foste embora, mas estás aqui

Partiste, apenas por umas meras centenas de quilômetros, mas estás aqui. Esqueço o telemóvel, por onde me é possível falar-te, mas ele toca e grita por ti. Não esqueci.
Ainda durmo com a tua almofada ao meu lado, ainda que não a vás ocupar em breve. Ainda não te perdi o cheiro de todas as tardes de verão que ocupaste, que preencheste.
Mudei o quarto: a cama, a secretária, o guarda roupa, o mesa de cabeceira. Nada mudou, respiras bruscamente pelas paredes e remetes àquilo que vivemos.


Chego até a sentir-me meio estupido porque me inibes a fala, roubas-me a expressão, a sanidade e desdenhas tudo o que calmo me torna.


Às vezes até que te odeio. Odeio-te por não me completares, mas por me transbordares.
Odeio-te de tanto te amar e sabe tão bem como mal recordar-te nas horas vazias.


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